São muitas lembranças. A primeira que eu tenho é de quando morávamos atrás da casa da Vó Eva e do Vô Chico, morávamos num rancho de madeira tão pequeno. E nessa minha vaga lembrança a que eu tenho é da minha Maninha num berço, meio improvisado nesse rancho.
Depois que nos mudamos pra casa até hoje a casa que a minha Mãezinha mora, não me desvencilhei da convivência na casa dos meus avós. E continuei dormindo lá, muitas vezes, tinha uma parte do guarda-roupas de alguma tia reservado pra mim. Lembro que aos poucos, fui deixando de dormir lá, mas foi um processo. O que lembro também é que acordar na casa da Vó era bem aconchegante, sempre uma mesa de café da manhã e da tarde também lindas. Até hoje minha Vó agrada os netos com suas mesas, de cafés, almoços e jantas.
Meu Vô sempre teve lugar reservado na mesa, mas não era na cabeceira, gostava do cantinho. Ai vozinho! Tantas vezes, eu na minha distração, sentei no seu lugar, sem querer, sem lembrar... e todas as vezes foi um prazer lembrar de ceder o lugar. Meu Vô deixa marcado seu lugar nessa vida para sempre.
Cresci com um Vô já cheio de histórias pra contar e mais tantas pra enfrentar. Cresci com um “Vô famoso”, no melhor dos sentidos. Um ser mágico. Acordava muito cedo, todos os dias, muitas vezes antes das 5h. Criava Vaca e Boi, e muitas vezes lembro do meu Vozinho tirando o leite da vaca, ele gostava de ensinar e eu não queria nem chegar perto. Meu Vô tinha Jeep, já velhinho na minha infância, mas adorávamos brincar naquele Jeep. Tempos depois teve um “skort”, com a placa BOB, o carro virou BOB.
Não sei se conseguem imaginar. Mas, meu Vô sempre foi uma figura mística ou mítica pra mim. Não tenho nenhuma lembrança ruim. Tudo bem, ele não gostava muito do meu cabelo. Mas, tudo bem Vô! Eu e meus irmãos sempre estudamos de manhã, só minha irmã que algum ano estudou a tarde, quando íamos pegar o ônibus passávamos na casa da Vó até hoje é assim, passamos na casa da Vó pra ir pro centro (cidade). É caminho, e é muito perto do ponto de ônibus. Ali, pela manhã, já recebíamos muito carinho. As vezes meu Vô ainda não tinha feito a barba, e adorava brincar com isso, quando a barba espetava no beijo de bom dia. Ele também gostava de falar que a melhor coisa que a gente fazia era estudar de manhã, porque é quando a cabeça está fresca para receber os conhecimentos. Sem dúvida, um ser sábio.
Sempre pedia para comermos alguma coisa. Sempre de bom humor. Meu Vô é meu cantador. Ah! Que falta vou sentir de suas músicas. E as caminhadas. Acordava cedo, ia ver o bar na praia. Ia botar os bois pra pastar. Arrumava coisa pra fazer o tempo todo. Aos poucos foi ficando velhinho e já ficava mais sentado, mais cansado. Depois que vim pro Rio, nas vezes em que voltei lá, eu era a neta carioca. Gostava de me apresentar assim, “essa é minha neta carioca”. E me perguntava de todas as praias e pontos preferidos. Meus Avós conheceram o Rio, muito antes de mim. E adoram a Praia do Flamengo.
Meu Vô me falava todos os Presidentes do Brasil, quando ouvi isso a primeira vez me apaixonei. Tudo no meu Vô era o máximo pra mim. E sempre, sempre, me diverti. Eu fazia uma festa. Pedia os Presidentes, pedia músicas, pedia histórias, meu Vô me divertia. Meu Vô me amava e eu também o amava muito. Eu o amo muito pra sempre. Ainda bem que estive esse ano com ele, em abril. Meu Vô abriu um mundo pra mim, mais leve, mais simples, mais sincero, mais feliz. Meu Vô é o grande Seu Chico, o pai do Beto, o marido da Vó Eva, o dono do Bar. Meu Vô é o meu bem. O bem mais precioso, e tive o maior prazer e orgulho do mundo em ser sua neta, ser sua neta é uma honra pra mim, Vôzinho. Obrigada, todos os dias, por ter estado na minha vida e continua em todos os sentidos, especialmente no meu coração. Meu amor é teu.
Meu amor é teu
Mas dou-te mais uma vez
Meu bem
Saudade é pra quem tem
Todo o teu amor
Eu vi de longe
De longe...
Dava pra sentir o teu perfume
Eu juro, eu juro...
Meu amor é teu
Mas dou-te mais uma vez
Meu bem
Saudade é pra quem tem
Todo o teu amor
Eu vi de longe
De longe...
Dava pra sentir o teu encanto
Eu juro...
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